Câmara de Vereadores de Eldorado do Sul
Câmara de Vereadores de Eldorado do Sul
Estado do Rio Grande do Sul

Indicação N.º 470/2022

  "DISPÕE SOBRE A AMPLIAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS RELACIONADOS A SAÚDE MENTAL, BEM COMO A IMPLANTAÇÃO DE UM CAPS - CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL, EM ELDORADO DO SUL"

Origem: Ver. Fabiano Pires

Cumprindo o que determina o Art. 166 e 167 do Regimento Interno desta Casa Legislativa, venho apresentar o seguinte:

Indicação

            Que o senhor Prefeito Municipal, através da Secretaria competente, viabilize a ampliação dos serviços relacionados a Saúde Metal. bem como a implantação de um CAPS I – Centro de Atendimento Psicossocial, em Eldorado do Sul.

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

             A presente indicação, que possui grande relevância social, tem por finalidade solicitar ao nosso Executivo Municipal, a implantação de um CAPS I – Centro de Atendimento Psicossocial em Eldorado do Sul.

CONCEITO E HISTÓRIA DO CAPS

           O primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Brasil foi inaugurado em março de 1986, na cidade de São Paulo: Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua Itapeva.

             A criação desse CAPS e de tantos outros, com outros nomes e lugares, fez parte de um intenso movimento social, inicialmente de trabalhadores de saúde mental, que buscavam a melhoria da assistência no Brasil e denunciavam a situação precária dos hospitais psiquiátricos, que ainda eram o único recurso destinado aos usuários portadores de transtornos mentais.

          Os CAPS, Centro de Atenção Psicossocial, são instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu território, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares.

         Atualmente, as unidades dos Centros de Atenção Psicossocial estão divididas no Brasil em:

Modalidades dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)

  • CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes.
  • CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
  • CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
  • CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
  • CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação; todas faixas etárias; transtornos mentais graves e persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes.
  • CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12 vagas de acolhimento noturno e observação; funcionamento 24h; todas faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes.

         Os CAPS, além do atendimento ambulatorial, trabalham com essas três estratégias:

 Serviços Residenciais Terapêuticos– SRT: São casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder as necessidades de moradia de pessoas com transtornos mentais graves egressas de hospitais psiquiátricos ou hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, que perderam os vínculos familiares e sociais;

moradores de rua com transtornos mentais severos, quando inseridos em projetos terapêuticos acompanhados nos CAPS. São 596 casas no Brasil, com 3.236 moradores.

Programa de Volta para Casa– PVC: Tem por objetivo garantir a assistência, o acompanhamento e a integração social, fora da unidade hospitalar, de pessoas acometidas de transtornos mentais, com história de longa internação psiquiátrica (02 anos ou mais de internação ininterruptos).

Leitos de Atenção Integral em álcool e outras drogas: São leitos de retaguarda em hospital geral com metas de implantação por todo o Brasil.

         Os CAPS, assumindo um papel estratégico na organização da rede comunitária de cuidados, farão o direcionamento local das políticas e programas de Saúde Mental: desenvolvendo projetos terapêuticos e comunitários, dispensando medicamentos, encaminhando e acompanhando usuários que moram em residências terapêuticas, assessorando e sendo retaguarda para o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e Equipes de Saúde da Família no cuidado domiciliar. Esses são os direcionamentos atuais da Política de Saúde Mental para os CAPS – Centros de Atenção Psicossocial, e esperamos que esta publicação sirva como contribuição para que esses serviços se tornem cada vez mais promotores de saúde e de cidadania das pessoas com sofrimento psíquico.

        O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. É um serviço de atendimento de saúde mental criado para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos.  Os CAPS visam: 

  • Prestar atendimento em regime de atenção diária;
  • Gerenciar os projetos terapêuticos oferecendo cuidado clínico efciente e personalizado; 
  • Promover a inserção social dos usuários através de ações intersetoriais que envolvam educação, trabalho, esporte, cultura e lazer, montando estratégias conjuntas de enfrentamento dos problemas. Os CAPS também têm a responsabilidade de organizar a rede de serviços de saúde mental de seu   território; 
  • Dar suporte e supervisionar a atenção à saúde mental na rede básica, PSF (Programa        de Saúde da Família), PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde); 
  • Regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental de sua área; 
  • Coordenar junto com o gestor local as atividades de supervisão de unidades hospitalares   psiquiátricas que atuem no seu território; 
  • Manter atualizada a listagem dos pacientes de sua região que utilizam medicamentos      para a saúde mental.

Os CAPS devem contar com espaço próprio e adequadamente preparado para atender à sua demanda específica, sendo capazes de oferecer um ambiente continente e estruturado. 

Deverão contar, no mínimo, com os seguintes recursos físicos:

  • Consultórios para atividades individuais (consultas, entrevistas, terapias);
  • Salas para atividades grupais;
  • Espaço de convivência;
  • Oficinas;
  • Refeitório (o CAPS deve ter capacidade para oferecer refeições de acordo com o tempo de    permanência de cada paciente na unidade);
  • Sanitários;
  • Área externa para oficinas, recreação e esportes.

 Tipos de profissionais que trabalham no CAPS (Equipe mínima)

 CAPS I  

  • 1 médico psiquiatra ou médico com formação em saúde mental;
  • 1 enfermeiro;
  • 3 profissionais de nível superior de outras categorias profissionais: psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico;
  • 4 profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão.

ATIVIDADES DOS CAPS

 São atividades comuns nos CAPS:

  • Tratamento medicamentoso: tratamento realizado com remédios chamados medicamentos psicoativos   ou psicofármacos:
  • Atendimento a grupo de familiares: reunião de famílias para criar laços de solidariedade entre   elas, discutir problemas em comum, enfrentar as situações difíceis, receber orientação sobre diagnóstico   e sobre sua participação no projeto terapêutico.
  • Atendimento individualizado a famílias: atendimentos a uma família ou a membro de uma família que   precise de orientação e acompanhamento em situações rotineiras, ou em momentos críticos.
  • Orientação: conversa e assessoramento individual ou em grupo sobre algum tema específico, por   exemplo, o uso de drogas.
  • Atendimento psicoterápico: encontros individuais ou em grupo onde são utilizados os conhecimentos   e as técnicas da psicoterapia.
  • Atividades comunitárias: atividades que utilizam os recursos da comunidade e que envolvem pessoas, instituições ou grupos organizados que atuam na comunidade. Exemplo: festa junina do bairro, feiras, quermesses, campeonatos esportivos, passeios a parques e cinema, entre outras.
  • Atividades de suporte social: projetos de inserção no trabalho, articulação com os serviços residenciais   terapêuticos, atividades de lazer, encaminhamentos para a entrada na rede de ensino, para obtenção de   documentos e apoio para o exercício de direitos civis através da formação de associações de usuários   e/ou familiares.
  • Oficinas culturais: atividades constantes que procuram despertar no usuário um maior interesse   pelos espaços de cultura (monumentos, prédios históricos, saraus musicais, festas anuais etc.) de seu   bairro ou cidade, promovendo maior integração de usuários e familiares com seu lugar de   moradia.
  • Visitas domiciliares: atendimento realizado por um profissional do CAPS aos usuários e/ou familiares   em casa.
  • Desintoxicação ambulatorial: conjunto de procedimentos destinados ao tratamento da intoxicação/   abstinência decorrente do uso abusivo de álcool e de outras drogas.

Algumas dessas atividades são feitas em grupo, outras são individuais, outras destinadas às famílias, outras são comunitárias. Quando uma pessoa é atendida em um CAPS, ela tem acesso a vários recursos terapêuticos:

  • Atendimento individual:   prescrição de medicamentos, psicoterapia, orientação;
  • Atendimento em grupo:  oficinas terapêuticas, oficinas expressivas, oficinas geradoras de   renda, oficinas de alfabetização, oficinas culturais, grupos terapêuticos, atividades esportivas, atividades de suporte social, grupos de leitura e debate, grupos de confecção de jornal;
  • Atendimento para a família:   atendimento nuclear e a grupo de familiares, atendimento   individualizado a familiares, visitas domiciliares, atividades de ensino, atividades de lazer com     familiares;
  • Atividades comunitárias:   atividades desenvolvidas em conjunto com associações de bairro e outras   instituições existentes na comunidade, que têm como objetivo as trocas sociais, a integração do serviço   e do usuário com a família, a comunidade e a sociedade em geral.

Essas atividades podem ser: festas   comunitárias, caminhadas com grupos da comunidade, participação em eventos e grupos dos centros   comunitários;

  • Assembleias ou Reuniões de Organização do Serviço:   a Assembleia é um instrumento importante   para o efetivo funcionamento dos CAPS como um lugar de convivência. É uma atividade, preferencialmente   semanal, que reúne técnicos, usuários, familiares e outros convidados, que juntos discutem, avaliam e   propõem encaminhamentos para o serviço. Discutem-se os problemas e sugestões sobre a convivência, as   atividades e a organização do CAPS, ajudando a melhorar o atendimento oferecido.

A IMPORTÂNCIA DO RELACIONAMENTO DO CAPS COM AS UNIDADES DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

          A rede básica de saúde se constitui pelos centros ou unidades de saúde locais e/ou regionais, pelo Programa de Saúde da Família e de Agentes Comunitários de Saúde, que atuam na comunidade de sua área de abrangência. Esses profissionais e equipes são pessoas que estão próximas e que possuem a responsabilidade pela atenção à saúde da população daquele território. Os CAPS devem buscar uma integração permanente com as equipes da rede básica de saúde em seu território, pois têm um papel fundamental no acompanhamento, na capacitação e no apoio para o trabalho dessas equipes com as pessoas com transtornos mentais. 

Que significa esta integração?  O CAPS precisa:  

  1. a) conhecer e interagir com as equipes de atenção básica de seu território; 
  2. b) estabelecer iniciativas conjuntas de levantamento de dados relevantes sobre os principais problemas e necessidades de saúde mental no território; 
  3. c) realizar apoio matricial às equipes da atenção básica, isto é, fornecer-lhes orientação e supervisão, atender conjuntamente situações mais complexas, realizar visitas domiciliares acompanhadas das equipes da atenção básica, atender casos complexos por solicitação da atenção básica; 
  4. d) realizar atividades de educação permanente (capacitação, supervisão) sobre saúde mental, em cooperação com as equipes da atenção básica.

        Por serem relativamente novos e compreendem uma proposta transformadora no atendimento em saúde mental orientada no cuidado territorializado, os serviços necessitam avaliar o desenvolvimento de suas atividades a partir de seus atores: usuários, familiares, profissionais, entre outros.

       Quem pode ser afetado por problema de saúde mental e/ou dependência química?

Todas as pessoas, de ambos os sexos e em qualquer faixa etária, podem ser afetadas, em algum momento, por problemas de saúde mental ou dependência química, de maior ou menor gravidade. Algumas fases, no entanto, podem servir como gatilhos para início do problema.

  • Entrada na escola (início dos estudos)
  • Adolescência
  • Separação dos pais
  • Conflitos familiares
  • Dificuldades financeiras
  • Menopausa
  • Envelhecimento
  • Doenças crônicas
  • Divórcio
  • Perda entes queridos
  • Desemprego
  • Fatores genéticos
  • Fatores infecciosos
  • Traumas

              Para finalizar, esta relevante iniciativa, integra um conjunto de medidas, que constituem compromissos deste parlamentar junto à comunidade Eldoradense.

Eldorado do Sul, 10 de outubro de 2022. 

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Vereador Fabiano Pires - MDB

Líder da Bancada

Vice Presidente da Câmara Municipal de Eldorado do Sul

Documento publicado digitalmente por HEBER ANDERSON VINQUES DE MEDEIROS em 10/10/2022 às 09:04:27.
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